Professor e atleta, Flavio Abreu relata os desafios físicos e mentais de completar o Ironman Full; ao lado do preparador físico Kalleb Pottenza, ele já mira provas ainda mais desafiadoras, como o Fodaxman Xtreme
Determinação, disciplina e resistência mental foram os pilares que sustentaram o educador físico e atleta Flavio Abreu durante o Ironman Full, uma das provas mais exigentes do triatlo mundial. Após anos competindo em modalidades menores, como o Ironman 70.3, Abreu deu um passo além e mergulhou na preparação para a prova completa composta por 3,8 km de natação, 180 km de ciclismo e uma maratona de 42,2 km. A experiência, segundo ele, foi transformadora.
“O Full exige muito mais da cabeça do que o 70.3”, explica Abreu. “Tive que aprender a lidar com o tempo da prova, manter a paciência para não me afobar e respeitar a distância. A maior mudança foi mental, sem dúvida.”
Preparação intensa e superação
A jornada até a linha de chegada começou meses antes da largada. A rotina de treinos foi ajustada sob orientação do preparador físico e também atleta, Kalleb Pottenza, que estruturou o ciclo com foco na resistência e, sobretudo, na saúde mental.
“No começo, o processo foi de autoconhecimento. Precisávamos entender o quanto o Flavinho aguentaria o tranco”, conta Pottenza. “A alimentação precisou ser corrigida, os treinos ajustados e o volume foi crescendo com o tempo. Mas o maior desafio sempre foi o mental — conciliar trabalho, cansaço, rotina e treinos longos é desgastante.”
Abreu confirma: o cansaço, o frio do mar e as longas horas no pedal exigiram atenção redobrada com a hidratação e controle da intensidade. “Na maratona, o corpo já está no limite. Usei a estratégia de dividir a prova em partes menores e focar em uma de cada vez. Pensar em tudo que abri mão pra estar ali me deu força”, relata.
Uma nova mentalidade
Além da preparação física, Pottenza destaca a importância do suporte emocional ao longo do processo. “Lidar com sonhos não é fácil. Tivemos conversas difíceis, momentos de desabafo, e meu papel foi lembrá-lo do propósito. No final, a grande lição é o quanto podemos ser fortes se trabalharmos bem a cabeça.”
Para Abreu, a base construída nas provas de meia distância foi fundamental. “O 70.3 me deu confiança, consciência corporal e me ensinou a escutar o corpo. O Full é outra dimensão, mas sem essa bagagem seria bem mais difícil.”
Inspiração para outros atletas
Se completar o Ironman Full já seria uma conquista marcante, Abreu não pretende parar por aí. “Essa prova foi uma etapa. Agora o foco vai para o Fodaxman Solo.5 e depois o Fodaxman Xtreme Full. Quero seguir inspirando quem está começando e mostrar que é possível, mesmo para quem não nasceu atleta.”
O olhar do treinador
Pottenza reforça que o planejamento nunca foi sobre performance, mas sim sobre finalizar a prova com saúde e consciência. “Ele já tinha uma base boa na natação e no pedal, mas precisávamos trabalhar bem a corrida. Fizemos estímulos fortes para que a maratona fosse ‘confortável’, dentro do possível.”
A transformação de Abreu, segundo o treinador, é reflexo de um processo bem conduzido: “Hoje ele sai mais forte mentalmente. Agora vamos para um nível mais extremo, com provas mais difíceis em altimetria e condições. Ele entendeu o que é ser Ironman — e quer mais.”
Um novo horizonte
Para Flavio Abreu, cruzar a linha de chegada do Ironman Full foi mais do que uma vitória esportiva. Foi a concretização de um sonho de 20 anos. “Sempre quis saber até onde meu corpo e minha mente podiam ir. O Ironman é mais que uma prova, é transformação. Provei pra mim mesmo que sou capaz.”
E o que vem a seguir? “Cada linha de chegada é apenas uma etapa. Quero continuar explorando meus limites, crescendo e inspirando outros a fazerem o mesmo.”