A Justiça converteu em preventiva a prisão do médico oftalmologista e perito do INSS José Gabriel Bloise de Meira, suspeito de matar duas pessoas e ferir uma terceira a tiros dentro de uma clínica em Itapetininga, na última segunda-feira, 21 de outubro. A decisão foi tomada após análise do auto de prisão em flagrante, convertendo-o em prisão preventiva por tempo indeterminado.
Crime premeditado e tentativa de simulação
De acordo com a Delegacia de Investigações Gerais (DIG), o crime foi planejado com antecedência. Em coletiva de imprensa, os delegados Franco Augusto, Luís Lara e Luiz Henrique Soubhia Nunes afirmaram que o médico alugou um carro dias antes do ataque e o deixou estacionado na região central da cidade, em local estratégico para facilitar a fuga.
Imagens de câmeras de segurança mostram o suspeito deixando a clínica a pé após os disparos e caminhando cerca de sete quarteirões até o veículo. O carro foi devolvido à locadora poucas horas antes da prisão do médico, efetuada no prédio do INSS, onde ele atuava como perito.
Execução e tentativa de disfarce
As investigações apontam que José Gabriel entrou sozinho na clínica e simulou um assalto antes de obrigar as vítimas a se ajoelharem e atirar contra elas à queima-roupa. Segundo a perícia, os disparos foram feitos na cabeça e de trás para frente, o que caracteriza execução. Após os assassinatos, o suspeito teria usado álcool em gel para incendiar os corpos, tentando desfigurar as vítimas e apagar vestígios.
Um dos mortos, Paulo Correia Leite Júnior, ainda sofreu um corte profundo no pescoço, possivelmente dado “para finalizar a vítima”, conforme relatou o delegado Franco Augusto. A segunda vítima, Marcelo de Souza Nogueira, proprietário da clínica, seria o alvo principal do ataque.
Arma apreendida e silêncio em depoimento
Durante buscas na casa do médico, os policiais apreenderam uma arma calibre .38, um colete balístico e roupas supostamente usadas no crime. A arma, registrada em nome do suspeito, será periciada para identificar resíduos de pólvora ou sangue.
Em depoimento, José Gabriel optou por permanecer em silêncio e não apresentou justificativas para o crime nem para os materiais encontrados.
Conflitos profissionais e vítimas
De acordo com os delegados, o médico mantinha divergências antigas com profissionais de optometria, área com a qual tinha disputas profissionais e jurídicas. Essa linha de conflito é considerada uma das principais motivações investigadas pela polícia.
Uma terceira vítima sobreviveu ao ataque, mas segue internada em estado grave em Sorocaba, após ter sido socorrida no Hospital Doutor Léo Orsi Bernardes.
Os corpos de Marcelo de Souza Nogueira e Paulo Correia Leite Júnior foram sepultados na tarde de terça-feira. Marcelo foi enterrado em Itapetininga, enquanto Paulo foi velado e sepultado em São Miguel Arcanjo, cidade onde morava.