Em tempos de globalização, o comércio internacional tem sido visto como uma das maiores forças que impulsionam o desenvolvimento econômico mundial. Porém, as recentes tendências protecionistas que surgem em diversas partes do globo trazem à tona uma reflexão sobre os limites e as lições que podemos extrair dessa política. O protecionismo, a prática de restringir importações por meio de tarifas, cotas e outras barreiras, historicamente foi associado a períodos de crise econômica e à busca por fortalecimento da economia doméstica. Mas o que podemos aprender com essas políticas, especialmente em tempos de crescente interdependência econômica?
Primeiramente, uma lição importante que o protecionismo nos oferece é a necessidade de proteger certos setores estratégicos da economia. No caso de países em desenvolvimento, por exemplo, políticas protecionistas podem ser uma ferramenta para dar suporte à indústria local, permitindo que ela cresça e se desenvolva antes de ser exposta à concorrência externa. O caso das “indústrias nascentes” é um exemplo clássico em que o protecionismo foi adotado como um meio de garantir que empresas locais possam prosperar sem a ameaça de competidores estrangeiros já consolidados.
Contudo, a reflexão mais profunda que o protecionismo nos propõe está relacionada ao equilíbrio entre proteção e abertura. Em um mundo cada vez mais globalizado, os países estão cada vez mais interconectados, e as decisões de um afetam diretamente a economia de outros. O protecionismo, em um primeiro momento, pode parecer uma estratégia eficaz para fortalecer a produção interna, mas a longo prazo pode acarretar custos elevados, como a escassez de produtos, o aumento de preços e a diminuição da competitividade. O risco de retaliações comerciais também é significativo, como visto em várias disputas comerciais internacionais.
A partir dessa realidade, a principal lição que podemos aprender com o protecionismo é a importância de uma política econômica equilibrada, que considere tanto a proteção do mercado interno quanto a necessidade de se manter competitivo globalmente. O protecionismo não deve ser visto como uma solução única ou definitiva, mas como uma ferramenta que deve ser usada com cautela, em contextos específicos e com um planejamento estratégico claro.
Além disso, o protecionismo nos ensina sobre o papel da inovação e da adaptação. A pressão de estar exposto a mercados internacionais pode incentivar empresas a inovar e buscar alternativas mais eficientes, melhorando a qualidade dos produtos e serviços. O excesso de proteção pode criar um ambiente preguiçoso, onde as empresas não sentem a necessidade de se atualizar ou de melhorar sua competitividade.
Em última análise, o que devemos aprender com o protecionismo é que, em um mundo cada vez mais interligado, as políticas econômicas não podem ser adotadas de forma isolada ou sem uma análise crítica das suas consequências. A proteção, quando necessária, deve ser balanceada com a abertura, o investimento em inovação e a preparação para a competição global. O protecionismo, portanto, pode servir de lição para relembrarmos a importância do equilíbrio entre isolamento e integração no comércio internacional, reconhecendo que, para crescer de maneira sustentável, é preciso aprender a competir e cooperar ao mesmo tempo.