Um estudo recente analisou a personalidade de 595 pessoas, com idades entre 18 e 59 anos, para investigar possíveis ligações entre certos traços psicológicos e a insônia. Os participantes foram divididos em dois grupos: o primeiro composto por pacientes diagnosticados com insônia por médicos especialistas em sono; o segundo, por pessoas sem queixas relacionadas ao distúrbio.
A pesquisa focou em três traços da personalidade: amabilidade, abertura à experiência e conscienciosidade (também chamada de realização). Os resultados indicam que diferenças nesses aspectos podem influenciar na qualidade do sono e até mesmo na presença de insônia.
Pessoas com altos níveis de amabilidade, por exemplo, demonstram maior empatia, cordialidade e preocupação com o bem-estar alheio — o que, segundo os pesquisadores, pode levá-las a negligenciar a si mesmas, contribuindo para quadros de ansiedade e, consequentemente, dificuldades para dormir. Já indivíduos com baixos índices tendem a ser mais céticos e desconfiados.
No caso da abertura à experiência, o estudo mostrou que pessoas mais criativas, imaginativas e com maior sensibilidade às emoções também são mais propensas à insônia, possivelmente por vivenciarem os estímulos externos e internos com maior intensidade. Em contrapartida, quem tem baixos níveis de abertura prefere a rotina e evita o desconforto, o que pode favorecer um sono mais regular.
Por fim, a conscienciosidade se revelou um fator importante: indivíduos muito determinados e perfeccionistas, que sacrificam prazeres momentâneos por metas maiores, podem desenvolver um padrão de comportamento mais ansioso e controlado — o que interfere diretamente no sono. Já pessoas menos exigentes e mais relaxadas apresentaram menor prevalência de insônia.
Os dados reforçam a importância de considerar aspectos psicológicos na abordagem e tratamento da insônia, indo além das causas fisiológicas. A personalidade, ao que tudo indica, pode ser tanto uma aliada quanto um obstáculo para uma boa noite de sono.