Cansaço mental persistente, desmotivação no trabalho e sensação de incapacidade são alguns dos sinais mais comuns do burnout, condição associada ao estresse crônico não gerenciado no ambiente profissional. Apesar de muitas vezes confundida com fadiga comum, a síndrome representa um estágio mais profundo de esgotamento, afetando o desempenho, o bem-estar e, em casos extremos, a capacidade funcional da pessoa.
Reconhecido pela Organização Mundial da Saúde desde 2019 como um fenômeno ocupacional, o burnout é resultado de uma sobrecarga emocional contínua, agravada pela cultura de hiperconectividade e pela exigência constante por produtividade. Segundo dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o Brasil registrou 421 afastamentos por burnout em 2023, o maior número da última década e um crescimento de 136% em relação a 2019, período anterior à pandemia.
Pesquisadores apontam que o burnout pode surgir em fases, começando por uma rotina de excesso de compromissos, passando pela perda de motivação e culminando em colapso físico e emocional. Entre os fatores de risco mais recorrentes estão a sobrecarga de trabalho, a ausência de controle sobre decisões, a falta de reconhecimento, o desgaste nas relações profissionais, a sensação de injustiça e o desalinhamento entre valores pessoais e a cultura organizacional.
Embora tradicionalmente associado a ambientes corporativos, o burnout também tem sido identificado em estudantes, cuidadores e pais. Mulheres são frequentemente mais impactadas, especialmente em situações de dupla jornada. Estudo realizado na Alemanha em 2020 com 20 mil trabalhadores revelou que 60% enfrentavam múltiplas tarefas simultâneas, enquanto 48% sofriam pressão por tempo e desempenho.
Entre os sintomas que diferenciam o burnout da exaustão comum estão o distanciamento emocional do trabalho, a perda de eficácia profissional e o surgimento de pensamentos de escapismo. Em estágios avançados, pessoas relatam dificuldade em levantar da cama, crises de pânico e isolamento social, com recuperação que pode levar meses ou anos.
A recuperação envolve identificar o que está sob o próprio controle, promover pausas regulares e investir em relações de apoio. Estratégias como o uso da “Esfera de Controle”, desenvolvida por Stephen Covey, e a abordagem dos três caminhos propostos por Russ Harris — sair, permanecer com propósito ou continuar sem eficácia — auxiliam na reconstrução da saúde mental. A conexão com valores pessoais, segundo especialistas, é essencial para sustentar escolhas futuras e prevenir recaídas.