O curta-metragem “O Resgate da Lenda”, do cineasta itapetiningano Alexandre Canda, estreia neste domingo, 18 de maio, nos cinemas de Itapetininga com ingressos esgotados. A produção, realizada com apoio da Lei Paulo Gustavo, retrata lendas urbanas tradicionais da cidade por meio da jornada do jovem Tonico, que após um pesadelo passa a perceber manifestações sobrenaturais ao seu redor.
Na trama, Tonico é acompanhado por seu amigo Beto, e os dois enfrentam figuras conhecidas do imaginário regional, como a Mulher de Branco, o Trem Fantasma e Raimundão, enquanto buscam a lendária cobra que, segundo histórias locais, dorme sob a Praça da Matriz e ameaça despertar, colocando a cidade em risco.
Em entrevista, Alexandre Canda falou sobre a emoção de lançar o curta em sua cidade natal: “É o segundo curta-metragem que produzo e o primeiro de ficção. Ver esse filme sendo exibido no cinema que frequentei durante minha infância é um marco pessoal e coletivo. Em Sorocaba ele integrou uma mostra, mas aqui em Itapetininga é uma estreia exclusiva, voltada ao público local”.
Canda contou que a ideia do filme surgiu após uma viagem a Belém do Pará em 2023, quando se impressionou com a força do folclore na cultura local. “Voltei com o desejo de resgatar as histórias que ouvia do meu bisavô e da minha avó, e percebi que aqui elas estavam desaparecendo”, relatou.
A equipe de criação foi composta por profissionais como Geice Moraes, Daniel Ribeiro, Leandro Palma, Du Jacob e Edwin Taves. O roteiro foi escrito em parceria com André Pacano. Segundo Canda, o processo criativo buscou transformar cada lenda em representação simbólica de sentimentos universais. “A Mulher de Branco representa o abandono. Raimundão, a tentação do ter. Queríamos que qualquer pessoa se reconhecesse nessas experiências, mesmo que o pano de fundo fossem lendas locais.”
O filme foi inteiramente rodado em Itapetininga. Entre as locações estão a Praça da Matriz, o Galpão da Fepasa, a antiga Casa da Criança, a Etec e a Escola Agrícola. “Fizemos questão de filmar em lugares históricos. É um registro visual da cidade que permanece, independentemente do que acontecer com essas construções no futuro.”
Sobre a produção, o diretor destaca a participação da comunidade: “Trouxemos profissionais experientes, mas também envolvemos pessoas que nunca haviam participado de um set, como eletricistas, costureiros e alunos da rede pública. Foi uma oportunidade de formação e integração”.
Canda também destacou o impacto da Lei Paulo Gustavo: “Essa lei permitiu que cidades do interior como Itapetininga pudessem viabilizar projetos que antes pareciam impossíveis. Aqui, ela ajudou a impulsionar não apenas o cinema, mas outras áreas da arte e cultura.”
A expectativa é que o curta-metragem circule por mostras e festivais em todo o país. A equipe já iniciou o processo de inscrição em eventos regionais e nacionais, incluindo festivais tradicionais de cinema independente, infantojuvenil e de cultura popular. Também está nos planos a participação em circuitos internacionais de curta-metragem, especialmente voltados a temáticas culturais e folclóricas.
Canda ressalta que, embora a concorrência em 2024 esteja elevada devido ao aumento expressivo de produções viabilizadas pela Lei Paulo Gustavo, a proposta simbólica e emocional do filme pode despertar interesse fora do eixo regional. “Estamos apostando na universalidade dos sentimentos representados nas lendas. Apesar de ser uma história enraizada em Itapetininga, ela dialoga com emoções humanas que extrapolam fronteiras geográficas.”
“O Resgate da Lenda” permanece em cartaz no cinema do Itape Shopping com sessões adicionais previstas diante da alta procura. O cineasta afirma que o lançamento marca não apenas o início da trajetória do filme, mas também um momento de valorização do cinema produzido no interior. “Ver o público da minha cidade se reconhecendo na tela e nas histórias contadas é um passo importante para que mais narrativas locais ganhem espaço e visibilidade.”

