Subir escadas pode turbinar o cérebro e proteger o coração, dizem estudos

Subir escadas pode ser mais do que uma alternativa saudável ao elevador. Diversos estudos indicam que essa atividade simples do cotidiano traz benefícios expressivos não apenas para o corpo, mas também para o cérebro. A prática ajuda na melhora da saúde cardiovascular, da força muscular e até da função cognitiva, como memória, criatividade e capacidade de resolver problemas.

O canadense Sean Greasley é um exemplo extremo: em setembro de 2021, ele subiu e desceu o equivalente à altura do Monte Everest (8.849 metros) em menos de 23 horas, conquistando um recorde mundial. Mas, segundo especialistas, não é preciso realizar façanhas heroicas para colher resultados positivos.

“Subir escadas é um exercício acessível, de baixo impacto e que pode ser feito em qualquer lugar”, explica o pesquisador Alexis Marcotte-Chenard, da Universidade da Colúmbia Britânica. Ele investiga como pequenos períodos de atividade intensa, conhecidos como exercise snacks, podem reduzir o risco de doenças cardíacas. “Se você fraciona o esforço ao longo do dia, como subir lances de escada em momentos distintos, já é possível obter ganhos reais de saúde.”

Além do impacto físico, há indícios de que a prática ajuda o cérebro a funcionar melhor. Em estudos realizados na Suécia e no Japão, subir dois lances de escada melhorou a concentração, o humor e até o pensamento criativo dos participantes. Um deles apresentou 61% mais ideias originais após optar pelas escadas em vez do elevador.

A explicação pode estar na combinação entre o aumento da frequência cardíaca e o fluxo sanguíneo para o cérebro, além da liberação de hormônios ligados ao crescimento neural, como o BDNF. Um estudo japonês chegou a mostrar que os benefícios na memória duraram até o dia seguinte, desde que a atividade fosse seguida de uma boa noite de sono.

Embora ainda não exista um número mágico equivalente aos famosos “10 mil passos por dia”, pesquisas apontam que subir cinco lances de escada (cerca de 50 degraus) já pode reduzir significativamente o risco de doenças arterioscleróticas.

No entanto, os especialistas fazem ressalvas: pessoas com problemas nas articulações, especialmente nos joelhos, devem procurar orientação médica antes de adotar a escada como rotina. E fatores sociais também influenciam: mulheres e indivíduos com sobrepeso, por exemplo, são menos propensos a escolher os degraus quando há alternativas.

Mesmo com limitações, os pesquisadores destacam que trocar o elevador pela escada pode ser uma maneira eficiente e prática de colocar o corpo em movimento — e ainda manter a mente afiada. “É simples, gratuito e eficaz. Às vezes, tudo que você precisa para ter uma boa ideia é subir um andar”, conclui o professor Andreas Stenling, da Universidade de Umeå, na Suécia.

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