Powidoki, internacionalmente vendido nos principais festivais internacionais de cinema como Afterimage é um filme polonês de 2016 que contém a assinatura do cineasta e diretor teatral polonês Andrej Wajda. Infelizmente o mesmo faleceu em Outubro do mesmo ano, 01 mês após o lançamento de seu último trabalho cinematográfico. Conheci esse magnífico filme em uma noite de domingo chuvoso, ao me deparar com o CINE CULT da TV Cultura. O mesmo é bem característico de produções européias com muitas reflexões durante as alterações dos takes, fotografias sombrias (mas que possuem sua beleza e charme) e temáticas que envolvem conotações política, econômica, social e em algumas situações abordam décadas do século XX e principalmente questões que envolvem guerras (Muitos filmes europeus possuem um enviesamento muito forte. Os roteiros mais contemporâneos produzem geralmente temáticas relacionadas a imigração afro arábica em território europeu e confitos sociais e políticos mais atuais). Esse filme estreou no Festival Internacional de Cinema de Toronto e foi selecionado como representante de seu país ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2017 mas acabou não sendo nomeado.
O drama biográfico polonês se passa no ano de 1948 e narra a história de Strzeminski, um professor influente da Escola de Artes Visuais de Lódz. No entanto, ele se recusa a renunciar à arte abstrata, apesar do novo regime stalinista exigir que apenas a arte realista socialista seja ensinada. Isso resulta em sua destituição de sua posição na escola, e suas obras (incluindo sua famosa “Sala Neoplástica” no Museu de Arte de Lódz) foram retiradas do público ou simplesmente destruídas. Então, a burocracia negou-lhe a capacidade de ganhar a vida como pintor de letreiros, impedindo-o de comprar materiais de arte e de coletar cupons de alimentação.
Conforme o site Rotten Tomatoes, especialista em crítica de cinema, o filme teve uma taxa de aprovação de 86% com base em 42 avaliações, e uma classificação média de 6,80/10. O consenso crítico do site afirma: “A narrativa punitiva de Afterimage paga dividendos através do controle ainda formidável de Andrzej Wajda e uma mensagem que, embora certamente sombria, é inegavelmente valiosa”. No portal Metacritic, a produção tem uma pontuação de 75 de 100 com base em 14 críticas, indicando “críticas geralmente favoráveis”.
Andrzej Wajda foi um dos grandes diretores da Europa Oriental. Powidoki (distribuído comercialmente com o título de Afterimage) é a prova de que é possível fazer um cinema poético e simbólico a partir da discussão de passagens de conturbados momentos da história.
A cinebiografia do artista Wladyslaw Strzeminski, o pintor mais celebrados da história da Polônia, trata de um período de transição não apenas na arte, mas também na visão da relação do governo com a sociedade. Por conta disso, um prévio conhecimento da Cortina de Ferro e das políticas da União Soviética para seus satélites ajudam muito na resolução de pequenos detalhes históricos que são transmitidos por leves passagens. A fotografia é responsável por intermediar as cinzas da sociedade polonesa pós-guerra com a vibrante arte de Strzeminski. O resultado ficou irretocável, com um estilo refinado que já virou a assinatura do diretor. Wajda foi um dos grandes críticos de Stalin no cinema (seu pai foi assassinado pelos soviéticos durante a Segunda Guerra Mundial). Ao mesmo tempo que ele expõe a amargura de Strzeminski com a noção de que a arte deveria servir os interesses do Estado, quem conhece a filmografia do diretor certamente irá se lembrar de passagens de O Homem de Mármore (1977) e O Homem de Ferro (1981), com a exposição da fortíssima burocracia estatal.
Segue abaixo uma pequena parte da Ficha Técnica do elenco e demais profissionais que estiveram no filme:
Boguslaw Linda: Wladyslaw Strzemiński
Bronislawa Zamachowska: Nika Strzeminska
Zofia Wichlacz: Hania
Andrzej Konopka: Pessoal
Krzysztof Pieczynski: Julian Przybos
Szymon Bobrowski: Wlodzimierz Sokorski
Mariusz Bonaszewski: Madejski
Anna Majcher: vizinha de Strzeminski
Paulina Galazka: Wasinska
Aleksander Fabisiak: Rajner
Magdalena Warzecha: funcionária do museu
Irena Melcer: Jadzia
Tomasz Chodorowski: Tomek
Filip Gurlacz: Konrad
Mateusz Rusin: Stefan
Mateusz Rzezniczak: Mateusz
Adrian Zaremba: Wojtek
Tomasz Wlosok: Romano
Roteirista: Andrzej Mularczyk
Produtor: Michal Kwiecinski
Cinematografia: Pawe Edelman
Montagem: Grażyna Gradon
Trilha Sonora: Andrzej Panufnik
Distribuição: Estúdio Akson
Tendo a oportunidade, caso você seja uma pessoa apaixonado (a) por cinema e não apegado a produções comerciais tradicionais vale o investimento em tempo para mergulhar nesse enredo envolvente. Uma obra prima que Wajda nos deixou para a eternidade…
