Apaixonada pelo esporte e movida pelo desejo de transformar vidas, Eunice Lima é hoje referência no esporte paralímpico de Itapetininga e região. Com uma trajetória marcada por desafios, descobertas e conquistas, a professora e técnica paralímpica encontrou no amor pelo que faz a força para romper barreiras e apostar em um caminho ainda pouco trilhado, mas repleto de significado.
“Eu iniciei, né, dando aula próximo ao litoral, em Miracatu, Biguá e Pedro de Toledo, perto de Iguape. Assim que terminei minha faculdade, eu já fui trabalhar lá. Fiquei 12 anos dando aula por lá”, relembra. Depois, passou em um concurso e se mudou para Salto, até finalmente chegar a Itapetininga, onde consolidou sua atuação na educação inclusiva e no esporte adaptado.
A experiência com alunos com deficiência começou cedo. Antes mesmo da política de inclusão que integrou estudantes com deficiência às salas regulares, Lima já era parceira da sala de recursos em sua escola. “Tinha vários alunos surdos e eu trabalhava com eles em parceria com a professora da sala de recurso”, explica. Um dos momentos marcantes foi a chegada da aluna Jéssica, com mielomeningocele. “Ali começou também esse trabalho mais direcionado.”
Com formação em Educação Física, Lima buscou desde a graduação se aprofundar no universo da deficiência. “Quando eu estava na faculdade, já tinha participado de alguns cursos. A maior dificuldade era que tudo era muito novo. A gente não tinha orientação, nem onde buscar informações. Então, o começo foi encontrar caminhos e se aprofundar nos conhecimentos.”
Foi a paixão pela área que a levou a cursar uma pós-graduação em ginástica corretiva. A virada de chave, no entanto, veio com a aposentadoria. “Eu já trabalhava com esporte paralímpico, mas não podia me dedicar totalmente. Quando me aposentei, eu falei: agora eu vou fazer muito mais, vou me dedicar muito mais ao esporte paralímpico.”
Para a professora, o segredo de tudo está na pedagogia: na forma de ensinar e transmitir o conhecimento. “Essa parte aí é muito importante”, reforça. E foi essa dedicação que a levou a viver momentos inesquecíveis, como a primeira competição nacional da equipe que treinava, e a campanha solidária para comprar a cadeira de corrida para a atleta Jéssica. “Foi muito marcante”, conta.
Apesar do reconhecimento, Lima mantém os pés no chão e o coração aberto. “Ainda acho que não consegui muita coisa. Quero conseguir muito mais. Para mim, sempre é um novo começo. Fico buscando cada dia mais, aprendendo mais, pra poder ainda chegar mais longe. Para que meus atletas cheguem no pódio, mesmo, lá numa Paralimpíada.”
Entre as grandes emoções da carreira, ela destaca a primeira convocação internacional: “Foi para o Gymnasiade, na França”. Mas o grande sonho ainda está por vir. “O maior sonho é ir para uma Paralimpíada. Meu foco agora é Los Angeles. Que os meus atletas consigam um pódio. E, como pessoa, quero que meu filho seja muito feliz, que ele consiga realizar os sonhos dele na área profissional. Hoje, eu sou muito realizada com o que eu faço, porque faço tudo com muito amor. E queria que isso acontecesse com ele também.”
Para quem pensa em seguir esse caminho, a professora deixa um conselho inspirado pela própria jornada: “Que vá, que não tenha medo. Porque, a partir do momento que a gente quer, a gente consegue. Consegue um caminho novo, consegue aprender novas profissões. A gente tem que querer muito, amar muito o que faz e não ter medo do novo.”