A última vez que o duo de trip hop se apresentou em solo brasileiro já fazem quase 15 anos. Em Novembro de 2010 o Massive Attack emocionou o público presente o no extinto HSBC Brasil em São Paulo. O local mudou de naming rights e chama-se Tokio Marine Hall. Seu som minimalista e potente cheio de diversas nuances introspectivas certamente hipnotizaram os presentes no evento e que consomem e amam as bativas suaves do trip hop. Ano passado eu já tinha escrito algo aqui na coluna, quando o jornal panorâmico ainda chama-se itape 360 sobre o gênero. Ele é uma “resposta européia” ao movimento estadunidense do hip hop que na realidade houveram suas primeiras criações, inspirações e trabalhos com os imigrantes jamaicanos quando desembarcaram na cosmopolita Nova Iorque no início da década de 1970.
Vamos conhecer um pouco sobre o Massive Attack e também porque há grandes chances deles desembarcarem no Brasil esse ano?
Essa banda de trip hop é originária da cidade inglesa de Bristol. Foi formada no ano de 1988. Os seus membros atuais são 3D (Robert Del Naja) e Daddy G (Grant Marshall). Mushroom (Andrew Vowles) já integrou o grupo mas com o tempo não foi dada continuidade em sua parceria. Os DJs Daddy G e Andrew Vowles e o graffiteiro Robert De Naja se conheceram como membros do coletivo The Wild Bunch. Um dos primeiros sound systems locais do Reino Unido, The Wild Bunch se tornou dominante na cena dos clubs de Bristol em meados dos anos 80. O Massive Attack começou como um trio de spin-off em 1988, com a música “Any Love” lançada independentemente, cantada pelo vocalista e compositor Carlton McCarthy, e então, com apoio considerável de Neneh Cherry, eles assinaram para a Circa Records em 1990 – comprometendo-se a entregar seis álbuns de estúdio e uma compilação “best of”. Circa tornou-se uma subsidiária da Virgin Records, que foi posteriormente incorporada pela EMI. O som do grupo sempre contou com a participação de vocalistas convidados, intercalados com estilos de sprechges (forma de declamação que paira entre a fala e o canto… Em outras palavras canto falado), além do que se tornou uma produção de samples criativa britânica; um som de marca registrada que fundiu hip-hop, soul, reggae e outras referências ecléticas, musicais e líricas.
Nos anos noventa, o trio tornou-se conhecido por muitas vezes não ser capaz de se dar bem uns com os outros e trabalhar cada vez mais separadamente. Andy Vowles (Mushroom), que já havia pensado em si mesmo como o diretor musical do trio, deixou ressentidamente o Massive Attack no final de 1999, depois de um ultimato dos outros dois membros para acabar com o grupo imediatamente se ele não o fizesse. Apesar de ter ficado do lado de Del Naja no disparo efetivo de Vowles e depois participado de um webcast como um duo no ano seguinte, Grant Marshall também havia efetivamente saído em 2001, abandonando completamente o estúdio. Marshall retornou a um papel de estúdio em 2005, tendo ingressado no line-up em 2003 e 2004.
Abaixo seguem as principais discografias do projeto:
Blue Lines – 1991
Protection – 1994
No Protection – 1995
Mezzanine – 1998
100th Window – 2003
Danny the dog – 2004
Heligoland – 2010
Ritual Spirit EP – 2016
Há registros até então de 03 passagens no Brasil do grupo. O ano de 1998 foi a sua “estréia” em solo tupiniquim. Eles fizeram 2 apresentações. Uma no Rio de Janeiro no MAM RJ e outra em São Paulo no Jockey Club em decorrência ao festival FREE JAZZ (Extinto desde 2002). Esses shows fizeram parte da tour Mezzanine, que dá nome ao álbum lançado por eles no mesmo ano. Além deles os shows tanto em solo carioca quanto em território paulistano contou com os alemães do Kraftwerk (considerados por muitos como os precursores da música eletrônica como a conhecemos hoje). Um “casamento” do som de ambos os projetos se complementam. E vou além. Um dia havendo algum festival que contém em seu line up: Kraftwerk, Massive Attack, Everything But The Girl, Air, 808 State, Thievery Corporation, Stigmato Inc finalizando com Angélique Kidjo certamente será algo incrível que não sei se um dia seria possível… Mas enfim!
A segunda passagem pelo Brasil ocorreu em 2004.A turnê em questão foi para deleitar seus fãs com o álbum 100th Window. Nessa apresentação já havia a descontinuidade de Andrew Vowles no projeto. Houveram atrasos nessa apresentação, que ocorreu no extinto Via Funchal em São Paulo. O atraso perdurou por duas horas. Quem abriu os shows foram os djs brasileiros Dubstrong e Nuts tiveram a difícil missão de conter os ânimos no primeiro show do Massive Attack, misturando muito hip hop num back-to-back, com clássicos que iam de Afrika Bambaataa até Neneh Cherry, os djs seguraram a ira do público com muitos scratchs até a meia-noite, horário em que dariam lugar ao tão esperado show dos ingleses.
Após a saída da dupla de djs, começaria uma apresentação hipnótica, prejudicada apenas pelo som baixo na primeira metade do show. Quando a banda subiu ao palco e as batidas iniciaram o show, o público já esperava pelas canções que marcaram a carreira da banda. Se o Massive Attack é aclamado como o precursos do Trip Hop, também pode ser aclamado como uma das bandas mais importantes hoje em dia. Eles conseguem manter o respeito e a qualidade de suas músicas, seja em estúdio ou ao vivo. Sem contar as ligações com outros músicos excelentes que sempre permeiam seus trabalhos, de Tricky ao dub de Mad Professor, de Everything But The Girl ao rap de Mos Def, o Massive Attack escreveu sua história num universo hipnótico, onde quem entra não sai ileso. Essa apresentação foi única no Brasil. Após do evento na cidade de São Paulo, seguirem em direção à Argentina e finalizar a tour sul americana no Chile.
A última passagem de 3D e Daddy G no Brasil ocorreu em 2010. Essa passagem é considerável até então a mais notável pelo país. Houveram 2 apresentações, assim como em 1998. Dessa vez eles fizeram shows em Belo Horizonte, seguindo depois para São Paulo no então HSBC Brasil (Nesse período a especulação imobiliária já tinha destruído o Via Funchal – Restam as boas recordações). Segundo relatos dos presentes a apresentação foi intensa e repleto de recursos visuais. Assim como em 2004, também houveram atrasos, desta vez de 1 hora em decorrência aos espectadores que deixaram para comprar seus ingressos de última hora gerando uma pequena fila e acarretando no atraso. Diferente do Via Funchal, esse atraso não gerou incômodo nos fãs que aceitaram tranquilamente essa situação. Houveram também muito engajamento político, semelhante como ocorre nas apresentações da banda irlandesa U2 com críticas ao sistema, guerras e desigualdades.
Agora enfim vou abordar a possibilidade de haver um show deles no Brasil ainda em 2025 ou no máximo em 2026. Nos bastidores há uma forte chance disse se concretizar. No Chile ocorrerá um festival denominado “FAUNA PRIMAVERA”. O line-up ainda conta com nomes que não visitam a América do Sul há um bom tempo, incluindo Mogwai, Bloc Party e Stereolab. A presença desses artistas reforça a estratégia do evento em reunir bandas que raramente aparecem por aqui. O evento chileno está previsto para ocorrem em 07 de Novembro deste ano.
A possibilitarem dos britânicos voltarem a se apresentar no Brasil são grandes. Basta alguma produtora estar atenta a essas movimentações e contratá-los, mesmo com a cotação do USD, EUR e GBP estarem bem elevadas em comparação há 15 anos atrás quando eles estiveram pela última vez por aqui. Havendo esse interesse (No há público para eles e não é pequeno) acredito que seja em algum evento isolado ou talvez festivais como o Piknic Életronik (Que há chances de retornar do último trimestre de 2025 em São Paulo) ou talvez alguma realização do GP WEEK (Evento musical pré GP São Paulo de F1) que calham com datas que “casem” com o FAUNA PRIMAVERA de Santiago. Vamos aguardar, nos prepararmos para o investimento cultural e musical a ser feito e guardar na memória algo incrível, se rolar deles tocarem por aqui…




