Tem momentos na vida em que não é a dor que mais pesa, é o silêncio.
É aquela sensação de que você deu tudo, tentou de tudo, segurou o máximo e mesmo assim, não foi o suficiente. E aí, quando a ficha cai, parece que o mundo desacelera, a respiração trava e o chão se abre num lugar que ninguém vê.
Mas aí vem o instinto: amarra o tênis.
Porque quem vive no esporte aprende cedo que cair faz parte, desistir… não.
A dor não assusta mais, o que assusta é se perder de si mesmo.
Tem dias em que a corrida é mais conversa com Deus do que treino. É no meio da subida que você se pergunta: “o que é que eu tô fazendo aqui?”
Mas também é ali que a resposta vem: “tô aqui porque eu não me largo.”
Relacionamento acabou? Vida pessoal bagunçada? Tá tudo bem.
Você pode sentir. Mas não se entrega.
Você pode fraquejar, mas não estaciona.
Você pode até chorar mas com o tênis amarrado e o coração blindado.
Quem olha de fora vê só uma rotina.
Mas quem vive de verdade sabe: o treino salva.
Salva da tristeza, da ansiedade, do caos interno.
Cada pedalada em silêncio cura um pedaço do peito.
Cada braçada forte devolve a confiança.
Cada passada firme te mostra que, apesar de tudo, você tá de pé.
E aí você percebe: o treino não é fuga, é enfrentamento, é você dizendo pro mundo e pra si mesmo:
“Eu tô aqui. E não é hoje que eu vou cair.”
A vida pode até empurrar.
Mas a gente não para.
A gente respira.
E a gente continua.
Isso aqui não é só sobre esporte, não é só sobre um par de tênis, é sobre como a gente escolhe viver, sem se arrastar por quem foi,
mas correndo por quem ficou.
Que vá quem quiser ir, porque eu vou ficar com quem corre do meu lado ou pelo menos, torce por mim na beira da estrada.