Lighting… As luzes que embalam as pistas!

Nesta edição venho bater um papo com uma Djane (Feminino de DJ) oriunda de Itapetininga. Carol Gargani aka Lighting entrega boas sensações em seus sets. Ela não limita-se a gêneros porém agrega-os. Ela consegue transitar entre o Techno, Psy Trance e House, explorando vertentes como o Full On (Trance), Tech House (Techno e House) e Deep House (House). Sua trajetória foi iniciada com a reabertura de eventos no pós pandemia. Com o tempo levou seu trabalho a cidades da região e hoje atingiu um patamar considerável, recebendo convites para tocar no conceituado CLUB A de São Paulo, voltado ao Trance e localizado no bairro de Moema na zona sul da capital e no Botech na cidade de Sorocaba que explora e fomenta a cultura eletrônica no município. No mês passado agitou o pré-carnaval do Viernes Club em Itapetininga com o after hours do evento e no carnaval em si retornou ao CLUB A através do selo da conceituada DJane de Psy Trance Zandza Berg através de seu projeto Sound Sisters (Festa dedicada a exposição feminina dos decks, levando em consideração a ascensão feminina nos últimos anos na cena que foi considerável em diversos núcleos e estilos). Ela também se apresentou no CARNA TRANCE em Itapetininga também como parte de um pré-carnaval. O evento foi um PVT realizado pelo Under Forest na zona rural de Itapê. Lá pude conhecer pessoalmente o talento da Lighting. O de sua “madrinha” Zandza conheci em Abril de 2023 e enxergo que ambas possuem uma luz contagiante quando agitam a pista.

Agora após algumas delongas vamos para o bate papo com a artista.

Aldiéres Silva: Satisfação em conhecer o seu som. Gostei da sua performance e construção de SET. O que te inspirou a ser DJ?
DJ Lighting: O que me inspirou a me tornar DJ foi o momento em que decidi ser mãe solo e senti a necessidade de encontrar algo que me auxiliasse a enfrentar a depressão.

Aldiéres Silva: Relate os desafios de conciliar sua vida de empreendedora com a atividade de ser mãe solo.
DJ Lighting: Ser mãe solo é um enorme desafio, e ser mãe de uma menina com Síndrome de Rett é um desafio ainda maior.
Preciso dedicar o dobro de atenção para proporcionar 100% de cuidados a ela.
Helena tem 4 anos e ainda utiliza fraldas, dependendo exclusivamente de mim para se alimentar, tomar banho, escovar os dentes, trocar de roupa e realizar outras atividades cotidianas, inclusive caminhar, uma vez que ainda não anda e apresenta dificuldades para se deslocar com facilidade. Atualmente, estou buscando, com o auxílio de um advogado, obter um medicamento desenvolvido nos Estados Unidos para o tratamento da síndrome, o qual possui um valor extremamente elevado.
Graças a Deus, meus pais têm me oferecido bastante apoio, o que me permite conciliar as responsabilidades maternas com as atividades profissionais como DJ e Professora de Inglês

Aldiéres Silva: Conte um pouco de sua trajetória como DJane. Desafios, Sonhos e Alegrias.
DJ Lighting: Iniciei minha carreira durante a pandemia, em um contexto bastante limitado, realizando apenas apresentações em casa. Após o período pandêmico, comecei a tocar tech house em bares da cidade e, em poucos meses, já estava sendo convidada para tocar em outras cidades da região. Meu sonho atualmente é participar de festivais e proporcionar uma condição de vida melhor para minha filha.

Aldiéres Silva: Como você enxerga a ascensão feminina na cena eletrônica atualmente?
DJ Lighting: Percebo que nós, mulheres, ainda somos extremamente desvalorizadas no meio musical, enfrentando muito preconceito e uma concorrência bastante acirrada.

Aldiéres Silva: Como é ser DJane no interior? Em relação a oportunidades. Quais as dificuldades que você encontra para poder estar no line de algum rolê?
DJ Lighting: Ser DJ no interior é um grande desafio, pois há poucos profissionais atuando no segmento de música eletrônica. Se você não demonstrar seu talento e capacidade de tocar, dificilmente será convidado para se apresentar.

Aldiéres Silva: Qual a dica que você dá a quem busca um espaço na cena de Itapetininga?
DJ Lighting: Um conselho? Seja fiel a si mesma e não desista dos seus objetivos. Não se submeta a situações que contrariem seus princípios e valores; mantenha-se firme e profissional.

Aldiéres Silva: O que te inspira na noite e o que você leva em consideração ao construir seus sets?
DJ Lighting:
Acredito que meu estilo se destaca em meio ao público. Por meio de muito estudo e prática, desenvolvi a habilidade de manter a batida constante, respeitando o ritmo e sabendo utilizá-lo a meu favor. O mais importante é a forma como cada história será contada através da música.

Aldiéres Silva: Você tem algum setup (Controladora, Toca Discos ou CDJ) predileto quando toca?
DJ Lighting: Minha primeira controladora foi uma DDJ 400, que foi fundamental para o meu início. Atualmente, utilizo uma CDJ Nexus 2000, que considero minha verdadeira paixão.

Aldiéres Silva: Você já foi vítima de algum preconceito na noite ou de assédio? Como lidou com a situação?
DJ Lighting: Um dos maiores preconceitos que enfrentei veio do meu próprio ex-namorado. Para ele e para algumas pessoas ao nosso redor, tudo parecia mais fácil pelo simples fato de eu ser mulher e considerada bonita. Inclusive, perdi contratos importantes devido a alguns comentários preconceituosos, o que me abalou profundamente. Certa vez, um DJ conhecido me ofereceu a oportunidade de tocar em Ilhabela, mas impôs algumas condições absurdas, como arcar com os custos de viagem, hospedagem e ainda levar público ao evento. Senti-me completamente desrespeitada e indignada com a proposta. Isso demonstra o quanto ainda há falta de profissionalismo e valorização no meio. Apesar de todas as dificuldades, mantenho o foco em meus objetivos e acredito que o mundo dá voltas. Continuo lutando para alcançar meu espaço e sei que um dia chegarei lá com a ajuda de Deus sempre.

Como vimos a DJane Lighting pode inspirar muitos e muitas que lutam em ter o seu lugar ao sol. Eu sou selectah em alguns eventos que sou convidado em São Paulo. Em Itapetininga há algumas tratativas para em algum momento eu me apresentar em alguns projetos porém é algo embrionário. A Lighting tem uma carreira promissora. Com isso o nome de Itapetininga é levado em evidência. Certamente há grandes chances dessa mocinha explodir e conquistar mais públicos e colher os frutos de um trabalho árduo e desafios que a mesma vence quando apresentados.

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