O dilema volta ao radar da economia brasileira: o tão temido “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos segue afetando o mercado doméstico — e com força. Na segunda-feira, o dólar fechou em alta de 0,99%, cotado a R$ 5,48, enquanto o Ibovespa recuou 1,26%, aos 139.478 pontos, após bater recorde na sexta anterior.
O que explica essa reação adversa? A ameaça de o presidente americano Donald Trump impor uma tarifa adicional de 10% sobre importações de países que alinhem suas políticas aos Brics voltou a inquietar investidores. É a jogada clássica: um movimento político-econômico de peso, que gera.
Com a arrancada do dólar, commodities — principais pilares da nossa economia — sofrem pressão, afetando empresas como Vale e Petrobras e criando um cenário pouco propício à continuidade do rali do Ibovespa, apesar de seus fundamentos ainda sólidos .
No entanto, nem tudo está perdido. A trajetória secundária de baixa para o dólar, conforme avaliação de analistas do BB Investimentos, aponta que, caso ele se afaste dos R$ 5,40, há espaço para correções, possivelmente até a R$ 5,15. Ainda assim, esse conforto é tênue, diante da incerteza sobre se as tarifas de fato serão ampliadas ou se ficarão apenas na ameaça.
É esse varejo de tensão comercial que mantém os agentes de mercado em prontidão. Enquanto o prazo para possíveis acordos comerciais se aproxima — e os EUA devem divulgar novas tarifas ainda durante esta semana — o câmbio seguirá sensível à geopolítica .
O Brasil, por sua vez, precisa buscar equilíbrio: manter o apelo de investimentos estrangeiros, controlar a inflação e proteger o crescimento sem sucumbir às instabilidades externas. Com R$ 26 bilhões líquidos aportados no primeiro semestre, o Ibovespa ainda dispõe de uma base sólida. Mas arrisca-se a perder tração se o “tarifaço” persistir ou escalar.
Diante desse cenário, vale a máxima atenção do economista: prepare-se para turbulência, ajuste a rota e, acima de tudo, mantenha os olhos no radar externo. O “tarifaço continua” — e quem quiser navegar essas águas precisa muito mais que esperança: precisão, estratégia e, sobretudo, nervos de aço.