Desde a metade dos anos 2000 o mainstream da música brasileira nos apresenta artistas de qualidade duvidosa, salvo algumas exceções, mesmo no sertanejo e no tal funk melody do Rio de Janeiro. (Sim em tudo se garimparmos é possível encontrar boas opções). Neste mês de agosto ao assistir o Cultura Livre da TV Cultura apresentado pela Roberta Martinelli (Que por sinal sempre aguçada em suas curadorias) me deparei om um projeto denominado Pluma. Foi um encanto aos meus ouvidos… Uma sonoridade incrível que surgiu durante o período pandêmico e vem conquistando o seu espaço com letras criativas, melodias e arranjos hipnóticos que transitam entre o êxtase e a reflexão, sem contar o não apego a estilos musicais definidos viajando pelo Neo Soul, R&B, Indie Rock, Jazz e até flertes com o Drum And Bass e House. Ganha a música brasileira com uma nova opção em meio ao caos que vendem como tendências…
Segundo a revista Rolling Stone Brasil: “Com a chegada dos serviços de streaming de música, as bandas e artistas independentes passaram a enfrentar ainda mais dificuldades para emplacar e conseguir um público sólido, especialmente em meio às milhares de informações que recebemos diariamente nas telas de nossos celulares e computadores. Fica cada vez mais difícil para chamar atenção e manter vivo o sonho de se sustentar e viver nesta competitiva indústria.” O grupo se conheceram nos corredores da faculdade e o PLUMA surgiu de um projeto de TCC o qual seus integrantes cursavam Produção Fonográfica na Faculdade Belas Artes em São Paulo. Ela é formada por Diego Vargas (teclado/sintetizador), Guilherme Cunha (baixo), Lucas Teixeira (bateria) e Marina Reis (vocais). Em meio as incertezas, ansiedade e tudo que foi gerado em torno da crise sanitária global que ceifou muitos e enclausurou a todos houve o desenvolvimento do EP Mais do Que Eu Sei Falar, isso no fatídico 2020. Conforme relatos dos integrantes em entrevista a RS Brasil “Superou nossas expectativas, ajudou-nos muito naquele momento e nos fez perceber o potencial do projeto,” explicou Cunha. “Conseguimos atingir pessoas e lugares que não imaginávamos, mesmo com a distância.” Em seguida, o baixista aproveitou para agradecer todo suporte do Selo Rockambole, responsável pelos primeiros lançamentos e apoiar em lives, assim como em Não Leve a Mal. Foi um time muito massa e foi essencial para termos perspectivas de tudo aquilo. Tínhamos acabado de começar, então tinha muita vontade de criar, tocar, gravar, descobrir nossas músicas e de fazer mais, assim como hoje em dia. Outro grande momento na carreira de Pluma foi o convite para se apresentar no Primavera Sound de Barcelona em 2022, ano no qual o quarteto começou a trabalhar naquilo que se tornaria o primeiro álbum deles. Apesar de ser produzido em um período pós-pandêmico, as letras intimistas chegam a refletir um pouco sobre os anos anteriores, assim como a personalidade da vocalista, Marina Reis. A musicista enfatizou em conversa com os colegas da Rolling Stone: “Sempre fui mais introspectiva,” explicou a cantora. “Ao mesmo tempo, o álbum também reflete uma vontade de fazer músicas que agitem e emocionem o público no ao vivo, o que gerou certa dualidade no disco.”
Com o sucesso crescente pluma apresentou-se no festival Lollapalooza esse ano. Sua apresentação ocorreu em 28/03 e a crítica especializada ficou encantada com a dedicação e entrega dos integrantes no palco. Um fato interessante é que até o momento em seus trabalhos não há uma linha de guitarras em suas produções e apresentações. Futuramente podem até inserirem como sempre mencionam em entrevistas e como ocorreu na entrevista concedida pela banda na TV Cultura durante os intervalos de suas apresentações. Segundo o site Onereplay a Pluma foi responsável por abrir as apresentações do palco Mike’s Ice, durante o festival Lollapalooza 2025, sediado no autódromo de Interlagos. O show aconteceu na sexta-feira.
O EP de lançamento do projeto que surgiu do TCC da faculdade Belas Artes denomina-se “Mais do que eu sei falar” e conta com faixas como: Mais do que eu sei falar (título que dá nome ao EP), Leve, Esquinas e Something Bad. Já em 2024 foi lançado o 1º álbum, Não Leve a Mal composto por 12 músicas, sendo elas: Quando Eu Tô Perto, Se Você Quiser, Corrida!, Jardins, Mais Uma Vez, Preguiça, Não Leve a Mal, Plano Z, Sem Você, Doce/Amargo, Quanto Vai Ficar? e Sonar. Tanto o álbum quanto o EP contam com muita psicodelia que nos encantam… Iniciado em meados de 2022, o processo de criação do álbum de estréia foi espontâneo e coletivo, tomando forma durante os ensaios da banda. Enquanto os quatro integrantes reuniam referências que iam de Rita Lee a Tame Impala para construir uma sonoridade mais madura e equilibrada, a vocalista trabalhava na composição de melodias e letras sobre experiências universais que expressam perfeitamente o momento artístico da banda como aceitação de términos e libertação de culpas.
Ainda é possível encontrar trabalhos incríveis, sejam eles nas comunicações, música, artes em geral e etc. Para isso precisamos estar dispostos, romper se necessário com o habitual, buscar referências externas e acreditar que nem tudo está perdido. Grandes trabalhos digamos que são pactos espirituais que quando atendemos certos chamados e nos dispertamos é possível encontrarmos filosofias transformadas em artes que aquecem nossas mentes e corações…


