A discussão sobre a proibição do trabalho em feriados nacionais tem ganhado força em diversas esferas políticas e sindicais no Brasil. Defendida por setores que argumentam pela preservação do descanso e convívio familiar dos trabalhadores, a proposta desperta preocupação entre empresários, economistas e comerciantes — especialmente no setor de serviços e comércio.
Mas o que realmente está em jogo quando se fala em proibir o trabalho aos feriados?
A ideia por trás da proposta é legítima: oferecer aos trabalhadores o direito de descanso, reforçar o valor dos feriados como datas simbólicas e culturais, e combater o excesso de jornadas. Contudo, sua aplicação irrestrita pode trazer consequências econômicas significativas.
De acordo com dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC), apenas no setor varejista, um único feriado nacional pode representar perdas de até R$ 2 bilhões em faturamento. Esse impacto é ainda mais visível em cidades turísticas, onde os feriados prolongados são períodos de alta movimentação econômica. Restaurantes, hotéis, supermercados e atrações turísticas dependem fortemente do funcionamento nesses dias.
Para os pequenos empresários, especialmente aqueles que operam com margens apertadas, a proibição de abrir nos feriados pode ser um golpe duro. Muitas vezes, esses dias representam a oportunidade de equilibrar as contas do mês. Sem a possibilidade de operar, não só o lucro diminui, mas também o risco de demissões e fechamento de portas aumenta.
Em vez de uma proibição rígida, especialistas defendem um modelo mais flexível, que garanta o descanso do trabalhador sem sufocar a economia. Uma proposta seria manter o direito de folga com pagamento em dobro ou compensação em banco de horas, como já previsto na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Dessa forma, o trabalhador é valorizado e o setor produtivo continua funcionando.
A discussão sobre o trabalho em feriados não deve ser tratada com radicalismo. É preciso ponderar os direitos trabalhistas, sim, mas também considerar a realidade econômica de um país em que o consumo interno é motor essencial do PIB. Restringir totalmente o funcionamento nesses dias pode soar justo na teoria, mas na prática pode gerar desemprego, queda na arrecadação e prejuízo para milhões de empreendedores.
A solução mais sensata parece estar no meio do caminho: preservar direitos sem sufocar a economia.