Toninho Crespo e seu legado no Jazz

Na última semana completou-se 01 mês do falecimento do cantor e instrumentista jazzístico Toninho Crespo. Tive o prazer de conhecê-lo em Maio de 2014. Um profissional detalhista em seus arranjos e riffs. Levava com carinho a sonoridade brasileira à Europa e América Latina. Eu tinha recém chegado da Argentina e ele da França. O nosso encontro ocorreu no saudoso SAMPA JAZZ BAR, que funcionou até 2021 no bairro do Ipiranga, Zona Sul da cidade. Seu idealizadores era o simpático casal Ananias e Roze. Foi nesse período que conheci outros formatos de festas e como aproveitar bem a night. Neste dia fui agraciado com um “esquenta” muito bom que prosseguiu para o extinto Club 33 do Camilo Razuk (Mesmo proprietário do CLUB A Trance em Moema) para finalizar na minha paixão que atravessa distâncias e anos, chamado D-EDGE… Onde curti meu primeiro After Hours no SuperAfter realizado na casa. Consegui ficar até umas 10:00. Com o tempo consegui ficar até o final da festa com alguns malabarismos, mas no início não conseguia (risos)

Toninho Crespo nasceu na Zona Leste de São Paulo. Faleceu aos 70 anos. Ele além de cantor, também era compositor e guitarrista. Seu nome de batismo era Antônio Rodrigues Filho. Além do Jazz seu nome sempre foi associado aos movimentos do Samba Rock, Soul, e até o RAP paulistano. Ele tinha 40 anos de carreira, 74 músicas autorais e nas mídias sociais celebrou em 2024 um fato relevante. Segue palavras do cantor: “Falta pouco para chegar aos 70 anos e só posso dizer que valeu a pena ser o pimeiro a se colocar como crespo na música brasileira e também como crespo na minha vida pessoal de lutar pelos direitos iguais. Eu me mantenho!” finalizou.

Crespo também transitou em outros estilos. Nunca ficou preso a uma identidade. Seu legado nos mostra discografias solo de perfil heterogênea no qual houve trabalhos produzidos no Reggae, como no álbum TOQUE DE AMOR (2004), Samba Rock encontrado no álbum ESTILO SAMBA ROCK (2009), latin jazz no álbum BOSSA LOCA (2016) e SAMBA SOUL em seu último trabalho datado de 2019.

O guitarrista também é bem cultuado na cena hip hop. Ele já foi requisitado para parcerias junto aos RACIONAIS MCs, Thaíde & DJ HUM, Rappin’Hood, além dos grupos RZO, Guerreiros de Zumbi e 509-E.

Em sua adolescência, aos 13 anos, Toninho descobriu o universo Black Power. Logo adotou o estilo com orgulho e engajou-se no movimento de raízes afro de São Paulo. Compositor desde os 14 anos, se iniciou em festivais estudantis e encarou programas de calouros até conseguir seguir seu caminho, primeiramente como integrante da banda JULAÊ e, em seguida através da carreira solo. Durante a década de 1990 fez shows com a banda, que formou-se em 1992.

O que deixaremos de legado quando deixarmos esse plano físico? Toninho vivia a arte. Dedicava-se e interagia com o público despido de pedestais. Foi indicado ao GRAMMY LATINO DE 2016. Já fez tour na Inglaterra, França e em Cuba. Fica a saudade e seus trabalhos que espero que sirvam de inspiração e referência aos novos artistas que vem a surgir e se reinventar.

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