Atraso em diagnósticos leva ao agravamento de doenças inflamatórias intestinais

Visando à conscientização sobre doenças inflamatórias intestinais (DII’s), está sendo promovida no Brasil, durante este mês, a campanha Maio Roxo. A ação busca dar visibilidade a enfermidades crônicas que afetam o trato gastrointestinal, como a colite ulcerativa e a doença de Crohn.

De acordo com a Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn, 41% dos pacientes com essas condições recebem o diagnóstico apenas após 12 meses do surgimento dos sintomas. Em artigo publicado pelo Jornal da USP, o professor Alexandre de Souza Carlos, do Departamento de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, afirma que a variabilidade no espectro dos sintomas dificulta a detecção precoce. “Tem trabalhos mostrando retardo pelo menos de um ano no diagnóstico dessas doenças. Quanto mais precoce a gente tratar, mais rápido a gente vai controlar o problema”, destaca.

A demora no diagnóstico pode levar à realização de procedimentos desnecessários e agravamento do quadro clínico, o que compromete a qualidade de vida dos pacientes. Os sintomas iniciais das DII’s, como diarreia, dor abdominal e perda de peso inexplicável, são semelhantes aos de viroses e intoxicações alimentares, o que contribui para confusões no diagnóstico.

Ainda não se conhece uma causa única para as DII’s. Pesquisas atuais indicam que fatores genéticos, ambientais e alimentares estão associados ao desenvolvimento dessas enfermidades. Segundo o professor Carlos, o aumento do consumo de alimentos ultraprocessados está entre os possíveis gatilhos. “Está se estudando muito a influência da urbanização, da industrialização, do que comemos nos dias atuais como gatilhos para surgimento da doença somatória intestinal.”

Entre as alternativas de tratamento, o transplante de intestino foi incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS) em fevereiro e deve começar a ser ofertado até agosto. No entanto, o procedimento é considerado de última instância e é indicado apenas para casos graves ou de falência intestinal. Por envolver a introdução de um órgão externo, o paciente precisa seguir um acompanhamento contínuo com uso de medicamentos imunossupressores.

A prevenção, segundo especialistas, deve ser pautada em hábitos saudáveis. Manter uma dieta equilibrada, evitar alimentos ultraprocessados, não fumar, ter uma rotina de sono regular e utilizar medicamentos como antibióticos e anti-inflamatórios com cautela são medidas recomendadas para reduzir o risco de desenvolver DII’s.

A campanha Maio Roxo segue durante todo o mês com ações de informação e conscientização voltadas à população.

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