O chá é considerado por muitos uma bebida natural e segura, mas especialistas alertam que o consumo nem sempre é inofensivo e pode trazer riscos à saúde. A bebida, amplamente consumida no mundo, é associada a efeitos antioxidantes, digestivos e calmantes, mas a quantidade ingerida, a planta utilizada e o estado de saúde da pessoa podem transformar o hábito em problema.
Segundo a nutricionista Patrícia Campos Ferraz, da Faculdade de Saúde Pública da USP, alguns chás usados como recurso medicinal exigem cuidado. Exemplos são o chá verde, utilizado para emagrecimento; o de boldo, associado ao fígado; e o de camomila, indicado para insônia. O uso simultâneo de chás e medicamentos de uso contínuo pode provocar alterações no metabolismo, e a recomendação é que a medicação seja sempre ingerida com água.
Ferraz ressalta que chás populares podem causar efeitos adversos. O hibisco pode reduzir a pressão arterial; o boldo, em doses altas, pode ser tóxico, sobretudo na gravidez; já os chás com cafeína, como o mate e o preto, podem provocar insônia, ansiedade e elevar a pressão arterial.
A forma de preparo também influencia no resultado final. Dados de hospitais públicos do Sudeste mostram que, entre 2021 e 2023, os casos de intoxicação relacionados ao uso de plantas medicinais cresceram 32%.
“Chá é uma ferramenta poderosa na alimentação, mas é preciso respeitar sua potência. Recomendo preferir chás puros e evitar misturas desconhecidas, além do uso contínuo sem orientação”, afirma Ferraz. A especialista destaca que, em situações como gravidez, doenças crônicas ou uso de medicamentos, a recomendação é procurar orientação médica.
O consumo moderado e orientado pode trazer benefícios, mas o uso indiscriminado representa risco à saúde. O alerta é que natural não significa, necessariamente, seguro.