A professora Leila Tardivo, do Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia (IP) da USP, afirmou que o ambiente doméstico nem sempre garante a segurança emocional de crianças e adolescentes. Segundo ela, mesmo quando os jovens estão em casa, podem enfrentar situações difíceis no ambiente virtual, sem saber como lidar.

Leila destacou que a internet pode ser percebida como um espaço sem regulamentação, o que aumenta os riscos para usuários vulneráveis, como crianças, adolescentes e idosos. De acordo com a especialista, esses grupos ficam expostos a golpes e conteúdos que podem comprometer a integridade física e emocional. Ela comparou o cuidado necessário no ambiente virtual ao que é adotado em espaços físicos, onde geralmente há maior supervisão e proteção.

Entre os riscos citados estão o cyberbullying, a exposição a conteúdos impróprios e o contato com indivíduos mal-intencionados. Leila defendeu que o controle parental não deve ser entendido como repressão, mas sim como uma forma de cuidado. Ela reforçou a importância do diálogo entre pais e filhos e da presença ativa dos responsáveis nas atividades digitais dos jovens.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) também demonstrou preocupação com os efeitos do uso prolongado de dispositivos digitais por crianças e adolescentes. A instituição recomenda que pais e educadores mantenham vigilância sobre possíveis mudanças comportamentais que possam indicar impactos negativos à saúde mental.

Leila Tardivo ressaltou que sinais como uso compulsivo de telas e isolamento social podem refletir problemas emocionais ou dificuldades de relacionamento. A professora recomendou estabelecer limites de uso, restringir conteúdos inadequados e buscar ajuda profissional em situações mais graves, como casos de autolesão ou envolvimento com grupos que incentivam a violência.

A orientação geral é que a prevenção comece com o acompanhamento e a escuta ativa, reforçando a presença dos adultos como elemento protetor no ambiente digital.