Muitas pessoas frequentam academias com o objetivo de queimar gordura, mas o processo não é tão simples quanto parece. O corpo humano utiliza um sistema complexo de energia, variando conforme a intensidade do exercício, a duração e o tipo de combustível disponível.
Segundo Paulo Correia, professor de fisiologia da Universidade Federal de São Paulo, o glicogênio é a primeira fonte de energia imediata do corpo. Este carboidrato armazenado nos músculos e no fígado é convertido rapidamente em glicose para gerar ATP, a molécula de energia essencial. No entanto, essa reserva é limitada e atividades intensas podem esgotá-la rapidamente, especialmente em indivíduos pouco treinados.
A gordura, por outro lado, atua como uma reserva energética de longo prazo, sendo mais eficiente em termos de energia por molécula do que o glicogênio, embora seu processo de conversão em energia seja mais lento.
Ed Merritt, professor de cinesiologia da Southwestern University, compara o processo ao uso de uma vela (gordura) versus a queima rápida da madeira (carboidratos). Em atividades de baixa e moderada intensidade, como caminhadas prolongadas, o corpo utiliza predominantemente gordura como combustível.
No entanto, o conceito popularizado da “zona de queima de gordura”, onde se acredita que o corpo queima mais gordura em atividades de intensidade moderada, pode ser enganoso quanto à perda de peso real. “Depender exclusivamente desta zona para emagrecer é um equívoco”, alerta Merritt.
Além dos exercícios cardiorrespiratórios, como corrida e ciclismo, a construção de massa muscular através da musculação desempenha um papel crucial. O tecido muscular aumenta o metabolismo basal, ajudando a queimar mais calorias mesmo em repouso. Isso não só auxilia na perda de gordura como também melhora a saúde geral, prevenindo condições como diabetes e osteoporose.
Para maximizar a perda de gordura, é essencial criar um déficit calórico, onde o corpo queima mais calorias do que consome. A dieta desempenha um papel fundamental, já que o excesso de calorias, mesmo após um exercício vigoroso, pode ser facilmente reintegrado através da alimentação.
Embora a genética, a idade e o nível de condicionamento físico influenciem na eficiência da queima de gordura, a combinação de exercícios variados e uma dieta equilibrada são essenciais para alcançar resultados eficazes e sustentáveis.