Moda Consciente: Fashion Revolution ganha força em Itapetininga

Itapetininga entra no mapa da moda sustentável com a chegada do Fashion Revolution, movimento global que questiona os impactos socioambientais da indústria têxtil. À frente dessa iniciativa na cidade está Cinthia Madero, profissional da moda que encontrou no ativismo um caminho para transformar o mercado.

De acordo com a profissional, vivenciar situações no setor a fez questionar a forma como produzimos e consumimos roupas. “Ao me tornar representante do Fashion Revolution, encontrei uma maneira de canalizar essa inquietação e fazer parte da solução”, conta Madero. Após atuar no movimento em Natal (RN), decidiu expandir a iniciativa para Itapetininga, promovendo ações de conscientização mesmo em uma cidade que ainda não possui forte tradição na moda.

A luta por uma moda mais ética enfrenta desafios estruturais, como a resistência à mudança em uma indústria consolidada e altamente lucrativa. “Faltam matérias-primas sustentáveis em larga escala, a precarização da mão de obra é uma realidade e somos constantemente estimulados a consumir por meio de necessidades criadas pelo mercado”, explica a profissional. A ausência de políticas públicas eficazes para regulamentação e fiscalização também dificulta avanços no setor.

O trabalho do Fashion Revolution em Itapetininga se apoia na participação voluntária e na educação da população. Uma das principais iniciativas do ano será a Semana Fashion Revolution, entre 22 e 30 de abril, com eventos voltados para o mapeamento da moda local e atividades educativas em escolas. A programação inclui debates, oficinas e o Dia das Manualidades na Rua, encontro que incentiva práticas sustentáveis como consertar, bordar e crochetar.

“Queremos despertar uma mentalidade questionadora e ativa desde a infância. Todos os eventos são gratuitos e abertos ao público”, reforça Madero.

Criado na Inglaterra, o Fashion Revolution chegou ao Brasil há 11 anos e tem conquistado avanços significativos. Em 2023, o Índice de Transparência na Moda registrou um aumento no número de empresas que disponibilizam dados sobre suas práticas, triplicando desde sua primeira edição em 2018. Além disso, o movimento tem se aproximado do poder público, colaborando com ações na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) e participando da organização do Seminário de Cânhamo Têxtil, iniciativa que discute alternativas sustentáveis para a indústria.

A conscientização sobre o impacto da moda passa pelo consumo responsável. A profissional da moda destaca que a peça mais sustentável é aquela que já existe. “Antes de comprar algo novo, vale repensar: dá para customizar, trocar, consertar ou até mesmo criar uma peça com as próprias mãos? Caso seja necessário adquirir algo novo, é importante priorizar marcas locais e responsáveis”, aconselha.

Para acompanhar as ações do Fashion Revolution em Itapetininga e participar do movimento, os interessados podem seguir o perfil no Instagram @modadeproposito. “Nosso objetivo é conectar pessoas e criar uma rede de transformação. A moda pode – e deve – ser um ato consciente”, conclui Madero.

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