Olá caros leitores e leitoras do jornal panorâmico. Essa semana gostaria de compartilhar com todos a satisfação que tive ao entrevistar uma profissional incrível. Seu nome de guerra é Isber. Ela é chefe de segurança do metrô de São Paulo. Sua responsabilidade e desafio mostram na prática como é ter um empoderamento natural, cuidando do patrimônio estatal ferroviário juntamente da segurança de milhões de usuários do modal que atendem paulistas, paulistanos, caiçaras, sorocabanos, itapetininganos e demais optantes do transporte sobre trilhos, sejam nativos, residentes ou turistas. A seguir segue um bate papo que tivemos o qual pode inspirar muitas pessoas, principalmente mulheres.
Aldiéres Silva: Desde quando você atua no metrô de SP?
Isber: Eu atuo no metrô de São Paulo desde Novembro de 2017. Vão fazer 08 anos já.
Aldiéres Silva: Como lida e concilia a sua rotina profissional juntamente com a sua rotina como mulher?
Isber: Então… Para mim é um pouco mais simples pelo fato de eu não ter filhos, né?! Então essa dupla jornada, ela fica mais complicada no caso das mulheres que tem filhos. Como eu não tenho para mim acaba não sendo tão complicado. Ainda assim preciso de bastante organização para não deixar que a minha rotina profissional interfira tanto na minha rotina pessoal e vice e versa, né?! Então eu reservo sempre reservo um tempo da minha vida pessoal para poder cuidar da minha saúde, para poder ter um momento de lazer, porque tudo isso ajuda, assim a desestressar no dia a dia, então eu tenho meu tempo reservado para cuidar da casa, para poder treinar na academia, para as minhas práticas de Muay Thai. Nos meus horários de descanso eu treino Muay Thai. Tenho os momentos também que as mulheres gostam né?! de se cuidar, cuidar da aparência, então… Não podemos abrir mão disso (risos)
Aldiéres Silva: É necessário alguma preparação física ou atividades que envolvam artes marciais para a atuação como segurança metroviária?
Isber: Sim! A cada 03 meses nós realizamos o TTI ( Treinamento de Técnicas de Imobilização). Esse treinamento inclui técnicas baseadas no Judô, dentre outras práticas! Ela é voltada a contenção e imobilização de indivíduos de forma segura e proporcional as diversas situações para que se mantenha a integridade física de todos os envolvidos nas ocorrências.
Aldiéres Silva: Vocês em seus treinamentos lidam com técnicas voltadas a utilização de arma de fogo, assim como ocorre com os policiais ferroviários da CPTM?
Isber: Não. No metrô não utilizamos armas de fogo na nossa rotina, porém durante os treinamentos nós recebemos instruções para desmuniciar armas. Tanto revólver quanto pistola porque pode acontecer de alguma abordagem nos depararmos com indivíduos que portam essas armas, por isso para nós é importante dominarmos essas técnicas de desmuniciar as armas para assim poder garantir a segurança de todos os envolvidos.
Aldiéres Silva: Essa é clássica e clichê… Como é ser mulher em um ambiente predominantemente masculino?
Isber: Olha… Para mim é um ambiente tranquilo porque eu já trabalhei em outras áreas onde eu era uma das poucas mulheres da equipe, se não a única mulher da equipe. Portanto eu encaro isso com mais naturalidade. É essencial mantermos sempre a postura firme. No metrô desde o início eu sempre fui muito respeitada por todos os colegas. Ninguém nunca duvidou da minha capacidade por ser mulher, muito pelo contrário. O pessoal sempre confiou muito em mim e no meu trabalho. Aqui sempre foi um ambiente de muita parceria e colaboração por parte de todos!
Aldiéres Silva: Você já sofreu algum tipo de preconceito, assédio ou desrespeito por parte de usuários do sistema metroviário? Como lidou e/ou lida com a situação?
Isber: Olha… Por parte dos passageiros eu já sofri sim. Tanto preconceito quanto assédio. São ambientes públicos e movimentos. Locais como o metrô isso acontece com uma certa frequência. Quando isso ocorre, nas vezes que eu precisei passar por situações como essa, eu mantive uma postura firme e profissional. Tomei as medidas cabíveis e conduzi os fatos conforme os procedimentos que há em relação a esses temas. Se necessário temos suporte jurídico por parte do metrô que nos auxiliam em casos de agressões e de assédio, então todas as vezes eu consegui contornar essas situações.
Aldiéres Silva: Como foi sua preparação ao prestar o concurso público? Passou de primeira ou houveram reprovações e novas tentativas até você conseguir?
Isber: Eu passei de primeira. Foi o primeiro concurso que eu prestei. Eu estudei bastante. Entrei em vários sites que tinham simulados de concurso para eu poder me preparar… Nós temos também o teste físico, TAF (Teste de Aptidão Física) no qual eu também me preparei treinando na academia, focando nessa parte de corrida, afinal precisamos ter um bom condicionamento físico, portanto treinei muito para poder conseguir passar. Eu prestei um outro concurso também, só que esse é um concurso interno para a parte de supervisão. Esse eu também precisei me preparar. Em específico não houve teste físico, porém houve da minha parte uma preparação muito grande em relação as matérias básicas, como português, matemática e raciocínio lógico e paralelo a isso os regimentos e procedimentos internos da instituição. Nesse estudei bastante, fiz bastante simulado e no final consegui passar nesse 1º concurso interno que me submeti e hoje sou supervisora na parte de segurança do metrô!
Aldiéres Silva: Qual dica você deixa para quem pretende seguir a mesma trajetória que a sua?
Isber: Minha dica é: Se preparem, estudem bastante… Não deixem para estudar de última hora. Fiquem sempre atentos aos concursos. Há muitos sites que divulgam a abertura de editais para concursos. No momento ainda não há previsão para a abertura de novos concursos para o metrô de São Paulo, porém para quem gosta ou é entusiasta na área há aberturas frequentes na área de segurança pública, onde a preparação é bem parecida, então eu indico estudar, se preparem, não desistam e mantenham o foco sempre!
Aldiéres Silva: Quem não é de São Paulo não sabe, mas o metrô possui uma banda formada por seus seguranças que se apresentam em algumas estações levando entretenimento gratuito aos usuários. Já pensou em compor a mesma? Você toca algum instrumento ou canta?
Isber: Eu acho uma iniciativa incrível e maravilhosa do metrô pois promove uma imagem mais humana dos seguranças. Eu acho muito legal e admiro muito a banda do metrô. O único revés é que eu não canto bem (risos)… Não faço parte da banda, não toco nenhum instrumento. Neste caso me resta acompanhar os shows mesmo e admirando o pessoal da banda. Infelizmente eu não faço parte. Para compor o metrô faz alguns testes. Quando precisam de algum vocalista novo ou instrumentista eles costumam realizar esses testes. Em alguns períodos eles convidam não apenas seguranças mas também os demais colaboradores da instituição, como o pessoal da bilheteria, catracas, etc. Todos esses colaboradores do setor operacional são convidados para prestigiar os demais colegas em ação em um momento mais descontraído e digamos, mais humano dos agentes. Exemplo são as festas de final de ano. O metrô os convida para participarem também dessas celebrações.
Fico feliz com o bate papo que tive com a Isber. Uma guerreira que venceu e não desistiu dos seus sonhos. Espero que você leitor ou leitora tenha se inspirado com as visões e conceitos compartilhados por ela. Nunca desistam, pois grandes vitórias ocorrem após árduas batalhas… Até breve!!!


