Como professor, observei com clareza a empolgação dos meus alunos nesta última sexta-feira antes das férias de julho. Esse momento tão aguardado representa um tipo especial de ócio¹, um período programado de descanso e lazer, muito mais do que uma simples pausa nas atividades escolares. E isso me faz refletir sobre o significado do tempo livre em nossas vidas.
Enquanto alguns veem os dias sem compromissos, feriados ou férias como uma espécie de punição pela falta de atividade, outros celebram a chance de vivenciar a liberdade plena, escolhendo o que desejam fazer ou não fazer. Na verdade, penso que o grande desafio da educação contemporânea reside justamente em tornar os dias comuns na escola tão desejados quanto esses momentos de saída para as férias ou os períodos de ócio programado.
Victor Hugo², um influente escritor do século XIX, já tratava desse tema com grande profundidade na obra “Um montão de pedras”, afirmando que “não ter nada para fazer é a felicidade das crianças e a infelicidade dos anciãos”. Essa citação revela uma importante perspectiva sobre como diferentes idades lidam com o tempo livre. Para as crianças, o ócio é sinônimo de prazer e felicidade, enquanto muitos adultos, especialmente mais velhos, frequentemente enfrentam dificuldades em aceitar a falta de obrigações.
Contudo, é essencial esclarecer que ócio não deve ser confundido com mera desocupação. O ócio, bem aproveitado, é um tempo precioso dedicado a atividades prazerosas, à reflexão pessoal, à criatividade e ao descanso necessário para a recuperação física e mental. Não é uma punição, mas sim um direito valioso e saudável que precisamos aprender a desfrutar.
Acredito que, como educadores, é nosso papel ensinar e valorizar com os estudantes a importância desses períodos, não apenas esperando com ansiedade a saída, mas também incentivando uma atitude positiva diante do retorno à escola após as férias. O equilíbrio entre trabalho e descanso, rotina e liberdade, é a chave para uma vida mais feliz e produtiva.
Em suma, o ócio programado é um benefício que, bem aproveitado, nos proporciona alegrias e renovação, transformando o simples ato de “não ter nada para fazer” em uma experiência profundamente satisfatória e enriquecedora.