No dia 1º de maio, o mundo recorda não apenas um feriado, mas um marco de resistência e reivindicação por melhores condições de trabalho. Originada em 1886, durante uma greve em Chicago, nos Estados Unidos, a data é reverenciada em memória aos trabalhadores brutalmente reprimidos enquanto exigiam jornadas de trabalho mais curtas e ambientes laborais seguros.
O historiador Samuel Fernando de Souza, da Escola Dieese de Ciências do Trabalho, explica que os eventos de Chicago, conhecidos como a “tragédia de Haymarket”, foram um ponto crucial na luta dos trabalhadores. “Esses homens e mulheres corajosos enfrentaram violência policial e repressão severa por suas demandas justas”, destacou.
A pesquisadora Laura Valle Gontijo, da Universidade de Brasília (UnB), enfatiza que a explosão de uma bomba durante as manifestações reforçou a dura realidade enfrentada pelos manifestantes. “A violência policial resultou em mortes, prisões e condenações injustas, transformando o 1º de maio em um símbolo global de solidariedade e justiça para os trabalhadores”, afirmou.
No Brasil, a data começou a ser celebrada no final do século XIX e desde então tem sido palco de disputas simbólicas e políticas. Samuel Fernando de Souza ressalta que, durante o governo de Getúlio Vargas, o 1º de maio foi transformado de Dia do Trabalhador em Dia do Trabalho, marcando a promulgação das leis trabalhistas que moldaram a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Entretanto, a pesquisadora Laura Gontijo critica a tentativa de esvaziar o significado da data. “Ao tentar transformar o Dia do Trabalhador em uma celebração vazia, as elites tentaram despolitizar um dia dedicado à luta contínua por direitos trabalhistas”, observou.
Atualmente, as demandas dos trabalhadores incluem a redução da jornada de trabalho, proteção contra práticas abusivas como a pejotização, e melhores condições para aqueles que trabalham em plataformas digitais. Laura Gontijo destaca a importância de regular essas novas formas de trabalho para evitar abusos e garantir dignidade aos trabalhadores.
Enquanto o debate sobre o futuro do trabalho continua, o 1º de maio permanece como um lembrete das conquistas passadas e dos desafios futuros na busca por justiça social e equidade no ambiente de trabalho.