Adolescentes que contam com apoio emocional e supervisão dos responsáveis apresentam melhor capacidade de autocontrole, segundo pesquisa da Universidade de São Paulo (USP). O estudo, realizado com cerca de dois mil jovens de 13 a 17 anos em Ribeirão Preto e Sertãozinho, identificou que a percepção de acompanhamento familiar está associada à redução de comportamentos infracionais.
Coordenado pela psicóloga Ana Beatriz Prado Schiavone, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, o trabalho integra o International Self-Reported Delinquency Study (ISRD4), que reúne dados de 44 países. A análise considerou práticas parentais como vínculo afetivo, supervisão das atividades e conhecimento do círculo social dos adolescentes.
Os participantes foram classificados em quatro grupos de autocontrole: Alto Autocontrole, Baixo Autocontrole, Impulsivos e Buscadores de Sensações. Aqueles com Alto Autocontrole relataram menos envolvimento em delitos e maior apoio familiar. Já adolescentes com Baixo Autocontrole apresentaram as maiores taxas de comportamentos infracionais, como brigas, furtos e porte de armas.
O estudo também observou diferenças relacionadas ao gênero. Meninas com envolvimento infracional apresentaram maior impulsividade, enquanto meninos demonstraram maior busca por sensações. Não foram registradas diferenças significativas em relação ao tipo de escola ou à condição socioeconômica dos participantes.
De acordo com a professora Marina Rezende Bazon, orientadora da pesquisa, os resultados reforçam a importância da supervisão familiar, especialmente diante dos desafios do acompanhamento simultâneo das atividades presenciais e virtuais dos adolescentes.